domingo, 1 de julho de 2012
desfrutando do caminho, percebeu
que tanto que corre, não serve.
o passo largo encurta a alma
a banda longe exprime choro.
ali longe aquele pede,
o outro ali, mais perto, soma
o artista logo adiante, não fere.
o belo enfia a arrogância dentro de si mesmo
um se amontoa em cima e embaixo do outro.
ao mesmo tempo.
e eu vejo de longe.
porco, asqueroso.
percebi que, por aí
se esbanja afeto.
afeto podre, putrefado.
um daqueles tão insignificantes
quanto a verdadeira vontade de entoá-los.
percebi o quanto não quero,
percebi o quanto quero,
percebi o quanto mudei,
o quanto ficou,
o que herdei e o que larguei.
percebi o quanto menti,
o quando fui sincero,
percebi cada merda fedida,
percebi cada cheirinho gostoso.
ganhei tanta coisa.
coisa.
mas ainda não percebo
qual-o-lugar-de-cada-uma-dessas-coisas..
não quero mais escrever.
não sei mais porque quero isso.
não sei mais que coisa é essa..
que amido é esse que liga
não sei que quer dizer essa preguiça de sono
essa agonia do futuro
esse medo do logo menos
não entendo minha indecisão
minha insegurança e todas essas coisinhas
que são miúdas e esquentam o passado.
esquentam de uma maneira medíocremente morna
tudo o que devia estar congelado, catalogado e devidamente aquietado.
está, querido. é só parar de alimentar o fogo que amorna.
e não espere outro caldo.
tome esse vinho e fume esse último. amanhã é dia novo.
boa noite, beijo.
sábado, 7 de abril de 2012
samba, café, cigarro
bar, flerte, cigarro
saúde, cigarro, saúde?
cigarro. saudade.
aonde vamos parar com tanto?
onde vamos parar?
e se parar, nos trombaremos?
e se virar, nos fitaremos?
estica pra não doer!
diz, anda, diz!
abre essa boca!
eu sei que você quer.
eu não quero.
mentira
com tantos, sem nenhum
abre o carro, sai da porta
enche a boca, ri alto.
ri alto, sem mal algum
ri da saudade, morta.
ri alto, da vida torta, muito comum, assim não dá: acorda!
agulha fina, dessas de estourar perdão.
arritmia lenta, de cair no chão.
cai de costa, abre o peito, sangra a boca.
alegria pouca, do que tem feito, dessa bosta!
veio pra cá, eu fui praí
é muita inversão, é muita mentira.
é muita verdade que custa pra sair.
chega. não tem mais do quê.
disponha.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
Fernando Pessoa, 18-9-1933
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
então se findou..
você não se cansa de olhar
ver e checar se tá lá..
mas não há mais..
sofre, anda!
onde eu coloco toda essa vontade?
cola aqui embaixo! ninguém vê.
nem ele, nem você..
prontinho pra esquecer
e desperdiçar tudão..
tudo aquilo que explodia
não tem mais lugar, garoto!
Tudo o que você esperava
Era uma farsa!
(
o ciúmes rasga.
aquele rasgo firme, sabe?
de uma vez só.
)
hey garotinho, vem cá..
vem cá você e abraça-te.
abraça-te a ti mesmo.
isso é bom.. é o que te mantém.
porque?
porque as coisas não fazem sentido
porque o coração tá perdido, atordoado
porque a testa franze e o líquido escorre
porque você sente triste..
mas, e o outro?
não vai ter espaço para outro
enquanto você não tirar o um do seu lugar.
não tem espaço pra vida,
enquanto não tirar ele da sua..
o peito arde
a testa arranha
a cabeça expande
a mão treme
o corpo.
o corpo todo..
Como pôde você basear todo esse caminho
nas duras e pesadas pedras da incoerência?
incoerência contigo e tua existência.
contigo, teu passado e teu propósito.
Como pôde pedir tanto aquilo que não
Queriam te dar? Pior, aquilo que não queria..
Querer aquilo que não queria. querer querer aquilo que não queria.
a singeleza dos atos, da palavra..
a profundidade da conversa
a qualidade do olhar e da intenção
toda a agógica do teu corpo em movimento..
foi TUDO botado de lado porque você insistiu
insistiu naquilo que não te fazia bem..
insistiu em apertar todos os botões
que te fariam sofrer.
puxou todas as manivelas que haviam nele
e que trariam pro teu rosto uma ponta envenenada.
envenenada por você mesmo.
Foi-te só apontada porque você quis.
Agora vc some, agora vc anda
agora, no escuro, assopra e não vê.
Agora no frio, ontem no calor,
ali fora, na geladeira, na cama..
agora anda, anda! Anda que
ali, bem ali detrás disso tudo
não tem mais espaço para você..
Anda porque só o movimento
vai trazer o vento, e dele o acalanto
e tropeçando, vai andar, sem parar
vai correr, sem saber como vai ser
mas sabendo como foi. Como?
porque foi bom,
porque foi divertido,
porque foi difícil,
porque foi simples,
porque foi encantador,
porque foi o que mudou você,
porque foi quente,
porque foi.
porque foi e não vem mais..
então vá e não volte mais... nunca
esse é o drama por cima da superficialidade...
Eu amei você, guri...
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
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